“Agora que sinto amor
Tenho interesse nos perfumes.
Nunca antes me interessou que uma flor tivesse cheiro.
Agora sinto o perfume das flores como se visse uma coisa nova.
Sei bem que elas cheiravam, como sei que existia.
São coisas que se sabem por fora.
Mas agora sei com a respiração da parte de trás da cabeça.
Hoje as flores sabem-me bem num paladar que se cheira.
Hoje às vezes acordo e cheiro antes de ver.” – Alberto Caeiro
Há um par de semanas, o meu querido amigo e também ele fotógrafo Paulo Carlos, confessava-me, após ter recebido o mais recente livro do também amigo Luís Afonso: “Depois de o ter lido, garanto-te que não estamos perante um livro de fotografia. É sobretudo um livro científico ilustrado por belíssimas imagens”.
As suas palavras deixaram-me ainda mais curioso. Mas não quis receber o livro em casa. Preferi recebê-lo pelas mãos do próprio e apenas este sábado passado, durante a sua apresentação, tive contato com “Aire e Candeeiros: Campo de Orquídeas Silvestres”, ainda que de forma ligeira.
Durante esta sessão, o próprio autor confirmou que vários amigos lhe disseram o mesmo. É um livro, isso não há dúvida alguma, mas defini-lo parece ser uma tarefa árdua. Deixemos essa parte de lado, não me parece a mais relevante e vamos, apenas e só, saboreá-lo, pois não restam dúvidas que estamos perante uma ode às orquídeas, escrita com a luz que emana de um dos palcos que mais apaixona o autor: o Parque Natural das Serras de Aires e Candeeiros.
Dividido em 3 capítulos, o livro, e como o próprio faz questão de mencionar em alto e bom som, não é um guia sobre orquídeas, nem o pretende ser. Numa opinião pessoal, vejo-o como um cântico apaixonado que vê agora a luz do dia na forma de um livro. Poderia ser uma carta de amor, ou uma música romântica. Mas não foi assim que o autor quis prestar a sua homenagem a esta flor, que o próprio classifica como “um dos seres vivos mais peculiares do mundo”.
As imagens que ilustram o livro, a área onde melhor posso opinar, tem o seu cunho pessoal, ainda que como o próprio fez questão de explicar durante a sessão de apresentação, “teve de se desviar um pouco da sua matriz de fotógrafo mais conceptual e artístico para que quem consome o livro possa ter noção do espaço envolvente onde as orquídeas habitam no Parque Natural”. Depois de ler o livro, é impossível não nos deixarmos enamorar por esta planta.
Esperamos em breve poder ver esta Ode representada na forma de uma exposição fotográfica, de preferência, no local que viu nascer esta dedicatória de amor.
Se está curioso(a) sobre esta Ode de Amor, pode consultar toda a informação relativa a este livro na página pessoal do autor. Clique AQUI e aceda diretamente para mais informações.